quinta-feira, 30 de junho de 2016

O BANIMENTO DO AMIANTO NO BRASIL

 Eric Fernandes Maia*

O amianto é um material formado por vários feixes de fibras. Este amontoado de feixes, por seu lado, é constituído por fibras extremamente finas e extremamente longas facilmente separáveis umas das outras, produzindo um pó de partículas muito pequenas que flutuam no ar. As fibras podem ser facilmente inaladas ou engolidas podendo causar graves problemas de saúde. Esse particulado também é chamado de “pó maligno”, pois é considerado por muitos especialistas como uma substância extremamente nociva ao ser humano. A exposição ao amianto gera doenças como o câncer de pulmão, mesotelioma (câncer da pleura), e a asbestose (lesões do tecido pulmonar).
Existem diversas discussões sobre o banimento do amianto em diversos países e o nosso é um deles, sua utilização é fortemente debatida pela OMS (Organização mundial de Saúde). No Brasil o processo de proibição do uso deste produto ainda é lento, pois a Lei Federal 9.055/95 ainda permite o uso controlado de amianto no país e o Decreto nº 2350 de 1997 regulamenta a Lei nº 9.055, em contrapartida, diversos estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Pernambuco criaram leis específicas proibindo a produção e comercialização de produtos com a substância. Inclusive este assunto foi tema de debate no Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrendo audiência pública para debater o banimento total do amianto ou não, contando com a participação de diversos especialistas no ramo.
A questão do amianto traz à tona alguns questionamentos, e uma delas é se vale a pena à sociedade arcar com os custos de diversos problemas ocasionados pelo uso do amianto nas indústrias como o aumento das pessoas utilizando os serviços do SUS e o custo das aposentadorias precoce. Na audiência pública realizada no STF vimos que o Professor Rogério de Albuquerque de Oliveira (membro do ministério da previdência social e coordenador-geral de benefícios naquele presente ano), onde se encontrava como um dos palestrantes do evento, em dados apresentados por ele relata que à medida que o trabalhador (contribuinte) se aposenta muito cedo devido á exposição ao amianto, ele para de recolher os tributos e começa a receber benefício do governo, tornando-se dependente e com a sua morte os seus dependentes começam a receber a pensão. Isso acaba sendo desastroso para os cofres públicos, haja vista que o trabalhador contribui por um curto espaço de tempo e é beneficiário por muitos anos.
Na constituição vemos que  lei 8.213/91, no art. 57, diz que a aposentadoria especial é devida, uma vez cumprida a carência exigida (180 contribuições mensais, conforme art. 15, inciso II, do mesmo diploma legal), ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a sua integridade física ou saúde, durante 15, 20 ou 25 anos (como é o caso da exposição ao amianto), conforme dispuser a lei. Já a relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, consta no anexo IV do decreto 3.048/99, que aprovou o Regulamento da Previdência Social.
Ressalta-se que materiais que possuem amianto devem ser descartados, acordo com a resolução 348 do CONAMA, juntamente com resíduos perigosos em aterros especializados.

Há varias discussões sobre qual tipo de amianto realmente é nocivo ao ser humano, acredita-se que o grupo das anfíbolas (revestimento de tetos, isolamentos térmicos, etc) seja os mais prejudiciais à saúde do que o grupo das crisostilas (gessos, revestimentos à prova de fogo, etc.). No Brasil ainda é permitido o uso em grande escala do tipo crisostila. Assevero que todo e qualquer tipo de amianto deve ser proibido, pois qualquer um deles podem ocasionar doenças dependendo da proporção na qual a pessoa é exposta a ele, e outro ponto relevante é que essa utilização “parcial” do amianto é apenas uma forma dos empresários do ramo conseguir disfarçar os males que este produto pode causar às pessoas, ou seja, a saúde e a integridade física tem que vir sempre antes de qualquer coisa.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO DESIGN


Shirlen Caroline Rabelo Cabral¹


        Design é o processo técnico e criativo que compreende o desenvolvimento de soluções inusitadas para as necessidades do homem. Anteriormente, estava voltado exclusivamente para a resolução de problemas, hoje, ele adquire mais uma intenção: criar oportunidades de mercado. Se tratando de produtos, seu conceito abrange todo e qualquer objeto que agrega eficiência e facilidade para a realização de tarefas, ou representam o avanço do olhar crítico do homem em relação ao atendimento de uma necessidade. Aliada a toda esta técnica projetual existe uma metodologia bem elaborada que garante o perfeito desenvolvimento de uma solução compatível com as expectativas e oportunidades do mercado. 

      Popularmente, a palavra é associada apenas a produtos, objetos, elementos que apresentam aparência agradável, formas inusitadas, cores modernas, enfim, a tudo o que é bonito e atraente visualmente. Esta concepção foi adquirida em função do caráter elitista que o design desenvolveu, principalmente, devido à imagem criada pela mídia, que distorce o verdadeiro significado e intenção desta prática intimamente técnica. Deste modo, gradativamente, seu conceito se distancia da ideia de soluções inteligentes de problemas e se aproxima do que é efêmero, do obsoletismo rápido. 

       Apesar da distorção de sua imagem, a prática do design tem uma grande importância para a sociedade atual. A atuação deste profissional - o designer - garante a melhoria das condições de vida de toda a sociedade, tendo em vista sua capacidade de enxergar o óbvio, embora ninguém o veja. Porém, por trás do exercício de sua função há um profundo preconceito devido à falta de conhecimento acerca de suas reais intenções. 

     Devido a isso, qualquer profissional que produz um artefato/produto, hoje, é capaz de denominar-se designer. Ainda que não possua sequer embasamento teórico sobre o que é projetar. Este fato reflete a banalização da profissão, a falta de reconhecimento social e profissional de seus personagens e dificulta, ainda que indiretamente, a regulamentação da profissão. 

    Segundo Bonsiepe (2011), apesar de ser um privilégio das classes de maior poder aquisitivo, o design tem seu caráter humanitário evidente uma vez que existe uma preocupação com o atendimento de requisitos, resolução de problemas, desenvolvimento de produtos que venham suprir uma necessidade - que por vezes ainda não se sabe que existe. É um instrumento passível de ser utilizado para o desenvolvimento de uma política participativa que vise a elaboração de propostas em forma de artefatos para as necessidades e anseios dos grupos sociais menos favorecidos. 

    Logo, é preciso haver políticas e programas de incentivos ao desenvolvimento do design visto, principalmente, sua importância social. E hoje, em meio a toda a mobilização quanto a criação e atendimento de parâmetros sustentáveis, seu profissional adquire mais uma responsabilidade: minimizar as condições e impactos ambientais causados pela fabricação de produtos.

REFERÊNCIA
 BONSIEPE, Gui. (org). Design, cultura e sociedade. São Paulo: Editora BLUCHER, 2011.
¹Arquiteta e Urbanista (UEMA) , Técnica em Design de Produtos (CEFET-MA)
 E-mail: shirlen_cabral@hotmail.com

sexta-feira, 22 de abril de 2016

O EFEITO DA FLAMBAGEM EM ESTRUTURAS



Eric Fernandes Maia¹


Construções são compostas de peças estruturais, cujas formas devem garantir a resistência a esforços ­– tais como tração, compressão e flexão – e ações – peso próprio e cargas existentes – incidentes sobre elas. Logo, devem possuir uma geometria que garantam a sua estabilidade. Seguindo este princípio, podemos pegar como exemplo uma régua de plástico e botá-la na posição vertical sob uma mesa e aplicamos um esforço com nossas próprias mãos pressionando-a em sua parte superior (Figura 1). Verificaremos que ela começará a sofrer uma espécie de “encurvadura” podendo perder sua estabilidade. Portanto se a sua estrutura não resistir a esta ação, ela atingirá um estado limite e tenderá a entrar em ruptura.

Figura 1
Fonte: Google Imagens, 2016.

Quando falamos de estabilidade é bastante comum confundirmos com equilíbrio. Uma estrutura pode ser instável estando em equilíbrio. Para efeito de conhecimento podemos classificar uma estrutura em três níveis quanto ao seu equilíbrio: estável (sempre volta para a posição de equilíbrio inicial), instável (quando se afasta cada vez mais da posição de equilíbrio inicial) e neutro (encontra-se em equilíbrio).
Quando uma peça sofre flexão transversalmente, devido à compressão axial, dissemos que está sofrendo o processo de flambagem (figura 2). Podemos observar este fenômeno com clareza em colunas, nas quais este ocorre de diversas maneiras, em função do peso em questão e do vínculo (restrição da estrutura ao seu giro) que as compõe: engastado-livre, bi-articulada, articulada-engastada e bi-engastada. Vejamos duas situações abaixo (figura 3) onde as colunas estão submetidas às cargas axiais simultaneamente à flexão e vinculadas.

           
Figura 2
Fonte: Google Imagens , 2016



Figura 2
Fonte: Google Imagens, 2016.

Estabilidade, rigidez e resistência estes são os fatores primordiais que devemos levar em consideração quando estivermos tratando de projetos estruturais de qualquer categoria. Agora se estivermos analisando a flambagem em colunas devemos dar um tratamento em especial a instabilidade de todo seu contexto estrutural, obtendo parâmetros críticos adicionais para concluirmos se aquela configuração ou deformação é permitida naquela situação.
Em geral a flambagem leva a uma falha repentina e dramática da estrutura (pontes, vigas, máquinas, etc.). Falhas que as ocasionam são frequentemente súbitas e catastróficas, o que faz com que seja ainda mais importante preveni-la. Por isso faz-se necessário à contratação de profissionais capacitados para fazer o dimensionamento de estruturas com resistência mínima a situações extremas, evitando que desastres aconteçam. Daí a importância deste estudo tanto para o campo da engenharia mecânica quanto ao da engenharia civil.

¹Pós-graduando em Engenharia de Segurança (UCAM), Engenheiro Mecânico (IFMA), Técnico em Mecânica (IFMA).



segunda-feira, 21 de março de 2016

A CONSTRUÇÃO CIVIL E A GERAÇÃO DE RESÍDUOS



Shirlen Caroline Rabelo Cabral¹

A construção civil tem papel econômico e social relevante para o país, é fonte de riquezas e postos de trabalho. Entretanto, é responsável pela geração do maior volume de resíduos da economia moderna e pelo consumo demasiado de recursos naturais. Os resíduos gerados pela realização das atividades civis são conhecidos popularmente como "entulho", e compreendem todos os materiais provenientes de construções, reformas, reparos, demolições de obras da construção civil, além dos resultantes da preparação e da escavação de terrenos. Estes materiais possuem uma classificação específica:

  •  Classe A: resíduos que podem ser reutilizados ou recicláveis como agregados para a construção;
  • Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros e madeira;
  • Classe C: resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações que sejam economicamente viáveis para permitir reciclagem ou recuperação;
  • Classe D: resíduos perigosos gerados no processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde.

Os Resíduos de Construção Civil (RCC) detêm um alto potencial de reciclagem e reaproveitamento, um forte fator para viabilizar condições para minimizar os impactos gerados pelo setor. Porém, na maioria dos casos, recebem tratamento semelhante aos resíduos sólidos urbanos – depositados em lixões, aterros controlados, aterros sanitários ou dispostos em locais inadequados –, gerando impactos ao ambiente e, principalmente, prejudicando a qualidade de vida da população.
Há anos, as cidades brasileiras vêm apresentando problemas quanto ao destino correto dos RCC’s. Devido a isso, foi aprovada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) a Resolução nº 307, de 05/07/2002, a primeira iniciativa a nível nacional que definiu diretrizes – responsabilidades, deveres e instrumentos – para a gestão destes resíduos. Porém, é necessário que haja uma Legislação nas Esferas Estadual e Municipal para atuar consecutivamente sobre as questões referentes ao tema em cada localidade.
Devido à descoberta da possibilidade de gerar produtos de baixo custo para atividades inerentes à construção a partir desses materiais que, literalmente, acabavam "mortos" e “enterrados”, sua destinação tornou-se um assunto bastante discutido. Estes entulhos são utilizados como matéria-prima para a fabricação de agregados, - areia, brita, rachão e bica corrida -, produtos com alto desempenho, quando comparados aos produzidos da maneira convencional. Com isso, está surgindo um novo mercado com perspectivas de sustentabilidade, cuja matéria prima é o “lixo”.
Os RCC’s podem ser submetidos a 3(três) processos: reaproveitamento – reaplicação sem transformação –, reciclagem – reaproveitamento após submissão a procedimento de transformação – e beneficiamento – submissão a operações que permitam sua utilização como matéria-prima ou produto. Estas práticas são eminentemente sustentáveis e deveriam ser mais difundidas, com a intenção de reverter a escassez dos recursos naturais e os danos ambientais causados por esses resíduos ao meio ambiente e à sociedade. Porém, é necessário que exista estrutura em equipamentos e uma reeducação social acerca da importância desta iniciativa. O Brasil, comparado a outros países, possui inciativas discretas em relação a esta prática. No entanto, no âmbito nacional, temos a cidade de Belo Horizonte como forte referência de sustentabilidade, uma vez que esta desenvolve o Programa de Reciclagem dos Resíduos da Construção Civil há mais de duas décadas.

¹Arquiteta e Urbanista (UEMA) , Técnica em Design de Produtos (CEFET-MA)
 E-mail: shirlen_cabral@hotmail.com

A Aula Adaptativa: reflexão a quatro mãos



Prof. Dr. Reinaldo Portal Domingo (UFMA)


Em Madrid tive o privilégio de conhecer ao professor pesquisador Jose Dulac, fervente defensor do uso das TIC em sala de aula com amplíssima experiência no uso do quadro digital, tablets, realidade aumentada, realidade virtual, robótica entre outros e a capacitação de docentes dentro e fora da Espanha. Hoje me encontro entre seus seguidores e amigos. Por essa razão estou apresentando esta reflexão a quatro mãos, já que em verdade o trabalho inicial e dele “Reflexión sobre las tecnologías en la Educación: El Aula Adaptativa” publicado por Espacio Eniac el 18 de dezembro do 2015.

Tanto na Europa, em particular na Espanha, como no Brasil o processo de ensino aprendizagem tem a possibilidade de uso das ferramentas e recursos tecnológicos de qualidade existentes na Web 2.0, como nas TIC em sentido geral. Agora, pensamos que chego a hora de realizar um aprofundado analise que leve a “um rotundo e necessário cambio metodológico que está demorando demais em acontecer”.

Coincido com Dulac que “tecnologia, formação e metodologia não sempre vão juntos da mão”, embora essa triada compõe os elementos necessários para a realização do cambio e “adaptar nossa forma de ensinar a os avanços tecnológicos e as demandas formativas que a sociedade atual precisa”.

“Os constantes avanços tecnológicos colocam a nossa disposição excelentes ferramentas e recursos, mas precisam de uma boa formação didática para levar eles com sucesso na sala de aula”.

Exemplo de isso na UFMA é o uso do SIGAA, uma excelente ferramenta didática, que a maioria dos docentes não sabem utilizar em todas suas potencialidades.

Faz bastante tempo que, tanto Dulac na Espanha, como nós aqui na UFMA, estamos insistindo na necessidade de melhorar a formação dos docentes para um adequado uso da tecnologia para realizar um verdadeiro cambio metodológico.

Si pretendemos transformar a UFMA em uma universidade digital (ver artigo anterior deste autor), temos que pensar e estruturar uma formação continuada ao longo da vida para nossos professores que garanta a adequada utilização das ferramentas TIC e o potencial da Web 2.0. “A gestão de conteúdos multimídia e interativos em sala de aula exige uma formação didática especifica que, normalmente, não está se realizando com a eficiência necessária e isto implica uma utilização deficiente das tecnologias. Na maioria dos casos não somos conscientes destas deficiências e mantemos um nível de conformidade que parece-nos suficiente”.

Por esta razão, o prof. Dulac a iniciado neste 2015 uma proposta de pesquisa colaborativa denominada Aula Adaptativa (www.aulaadaptativa.es) em parceria com a UNED da Espanha (Departamento de Didática, Organização Escolar e Didáticas Especiais da Faculdade de Educação) em que a Faculdade de Medicina da UFMA participara de forma ativa, a traves de seu Núcleo de Uso das TIC na educação.

“A proposta de Aula Adaptativa baseia-se em aproveitar os recursos e ferramentas das TIC para melhorar a formação didático-tecnológica dos docentes, a comunicação nas salas de aula, a gestão da informação, a utilização das melhores ferramentas e recursos, a necessária criatividade dos docentes, a colaboração e capacidade de adaptação as mudanças em sala de aula”. 

A Faculdade de Medicina da UFMA trabalhara sobre os temas de: Aula Adaptativa na Educação superior, TIC no ensino da medicina, as TIC e a realidade aumentada em sala de aula, as TIC na realidade virtual em sala de aula, a câmera de documentos em sala de aula, os Monitores interativos em sala de aula e intentar participar nos próximos eventos relacionados com estes temas: (www.foroticedu.es, www.congresopizarra.com y www.encuentropizarra.com).

E muito trabalho pela frente, mais acreditamos no potencial de nossos docentes comprometidos com a causa de melhorar o ensino da medicina, elevar cada dia mais os índices de qualidade e colocar o processo de ensino aprendizagem ao nível de Universidade Digital do século XXI.

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